22 abr 2012


 É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,...
teu perfil exato e que,... apenas,... levemente,... o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente,... no ar,... a trevo machucado,...
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso,... também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te,... azul e luminosa,... no ar...
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te...