Meu amor,
Nossa casa, nossos corpos. Na mesma casa, na mesma cama...
Não tome esta minha declaração de sincero amor como uma conversa vulgar, como uma "conversa ribeira", pois mês a mês, sinto que todas as águas que desabam sobre nós março-após março, em forma de chuva ou cachoeira, servem apenas para levar de nossas almas todo o mal, para lavar os nossos corpos do tedioso ranço do cotidiano, que às vezes tenta se sobrepôr e ofuscar a força deste amor infindo que nos une.
Que venham as chuvas e os granizos, que se avolumem os rios e as cascatas, que se elevem as marés e que as ondas salpiquem de sal as peles e as calçadas, que as águas de março produzam um dilúvio de amor, porque desde que eu te conheci tive a certeza de que o nosso amor navegaria nessas águas; assim como seria capaz de curtir o sol ardente de janeiro, o carnaval de fevereiro, a primavera em setembro e a felicidade plena, por toda a eternidade.